quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Operações

Bem,....só para terminar o post anterior, este tal MVL durou ao todo 22 dias, o resto do percurso foi normal, apenas senti falta de comida quente, pois das rações de combate apenas aproveitava o leite condensado, as conservas e o cubo de queijo. A coisa só melhorava quando caçávamos algum veado ou boi-cavalo, ou melhor ainda um javali, nunca comi melhor carne do que o javali africano. Quanto à bebida,...água pois claro e tirada dos riachos por onde passávamos, águas paradas, altamente contaminadas onde os animais também iam beber, mas com alguns comprimidos de quinino para dentro do cantil resolvíamos o assunto !


Depois do regresso a Serpa Pinto, cerca de 15 dias após, chegou a altura da primeira operação, dois pelotões com um cabo enfermeiro e um rádio-telegrafista, arrancámos para uma operação de quatro dias sempre a andar com largada e recuperação em locais determinados. Aí sim, era sempre ração de combate e o mesmo estilo de àgua, não havia caça para ninguém por motivos óbvios de segurança !! a determinada altura, com o horário combinado para entrar em contacto, assistimos com alguma admiração que o nosso rádio não funcionava, aliás nunca funcionou durante toda a operação. Foi andar a bom andar, em terreno descoberto, pois tínhamos que estar no dia e hora determinada no lugar da recuperação que ia ser feita por helicópteros e pilotos Sul-Africanos, estacionados em Mavinga e davam apoio logístico ás tropas portuguesas. Tudo correu bem, felizmente, quer dizer, sem contactos.....o único percalço foi um nosso homem que quando deu o salto para dentro do Heli, pois estes não se apoiavam no solo, deu com a cabeça no parede do aparelho e fez um galo na cabeça.....ufa, desta estávamos safos !!

8 comentários:

Mário Pinto disse...

Isso é que foi andar!

A revolução é hoje!

Ana Camarra disse...

Cidadão

Uma crónica Portuguesa, com certeza, o eterno expediente do desenrasca, o rádio que não funciona...
A guerra é de facto a grande loucura humana, completamente injustificavél.

beijos

Cidadão do Mundo disse...

Podes crer Ana,...o expediente do desenrasca funcionava a uma percentagem muito alta ! não havia outro remedio ! abraço!

josé manangão disse...

Camarada
Hoje tens a noção, que a guerra ridiculariza o homem,emais ainda quando a tem de fazer por obrigatoriedade, estou a recordar a destruição de pontes, aeroportos, estradas, coisas que custaram tanto dinheiro, para ser destruídos num ápice, por um capricho, ou por um interesse, de alguns senhores.
Não vou alongar-me, pois sabes bem onde quero chegar.
Abraço camarada

Zorze disse...

Dessa se safaram, um é que ficou com um galaró. Do mal o menos.
Espero se puderes, também contar alguma história do teu camarada que tinha "contactos" com outras dimensões.
É que a guerra é um autêntico íman de realidades reais e não só.

Abraço,
Zorze

Cidadão do Mundo disse...

Ok! Zorze, tem piada ainda te lembrares!

Realmente aconteceu com o meu camarada de Braga.Houve um acidente numa estrada de terra onde ele seguia na cabine da Berliet, que por ter metido a roda na berma capotou e o aro da Berliet atingiu o soldado de rádio que seguia atrás da cabine! Pressionou-lhe o esterno e ele acabou por morrer, sem antes conseguir agarrar-se a ele o meu camarada de Braga e pedir-lhe para o salvar.
A partir daqui foi um calvário para ele que nunca mais teve descanso, segundo ele, um espírito maligno ter-se-ia apoderado dele e aparecia-lhe constantemente tanto de dia como de noite. Como eu fui um dos poucos que não o gozava, ele prelevigiava a minha companhia e revelava-me tudo o que acontecia,...dizia também que era vidente, tinha uma alta mediunidade, enfim....passei umas boas aventuras com ele à pala disso !!

Herr von bolas disse...

cidadão,
na tropa eras um perigo.
FUGIAS SEMPRE PELA ESQUERDA, COMO UM EXTREMO, tipo Simões

Cidadão do Mundo disse...

hehehehehe,..pois era Herr !!!